Grupo Escoteiro Mário Dilson realizou seu MUTECO- Mutirão Nacional
Escoteiro de Ação Ecológica, analisando a situação do Córrego Sóter, seus ciclos
de vida e sua história com o ema: “Sóter, em busca da água perdida” que teve
como objetivo principal propiciar na população e em especial nos membros
juvenis, ferramentas para visualização da interferência negativa e positiva do
homem na natureza, a partir de uma postura critica, contribuindo para a
conscientização e atuação diante da realidade da modernidade e do progresso.
Inicialmente fizemos uma sensibilização dos pais por meio de reunião comunicando do início do
MUTECO e conversamos com as crianças sobre a situação do córrego. Nessa ocasião
foi mostrado aos juvenis imagens do Córrego de 10 anos. Posteriormente fizemos uma visita técnica ao Sóter
acompanhadas do Dr. José Milton Longo, Biólogo que nos orientou durante o
Projeto. Os juvenis puderam visualizar o córrego assoreado, a erosão e a
voçoroca instalada no interior do Parque. Durante a caminhada no entorno da
voçoroca, o Biólogo esclarecia as causas e consequências daquela situação. Ao
final, fizeram a Canção da despedida às margens do Córrego. Após essa visita,
foi solicitado aos juvenis a elaboração e socialização dos relatórios
enfatizando as causas da voçoroca no Parque;
No sábado antes do MUTECO, visitamos os moradores do entorno
conscientizando do problema e recolhendo assinaturas solicitando à Comissão
Permanente da Câmara de Vereadores de Campo Grande-MS, medidas de manutenção e
conservação do Parque do Sóter e do entorno, bem como distribuíram panfletos
sobre o projeto; Por fim, mobilizamos a comunidade por três dias com chamada na
FM Blink, 102 – de hora em hora, chamando para o abraço e distribuição de 1000
mudas de árvores frutíferas para serem plantadas no Parque.
No dia 29/06 fizemos o Abraço solidário nos 22 hectares
do Parque, com plantio e distribuição das mudas para a comunidade. As mudas
foram conseguidas por meio de uma parceria com a empresa Scânia/PB Lopes, outra
empresa parceira foi a Aguas de Guariroba, que nos doou mil copos de água para
serem distribuídos à população. Várias entidades, como Lions Clube, Escolas
Publicas e Privadas, Universitários e frequentadores do parque participaram do
abraço com mais de 2.400 metros quadrados no entorno do parque, registrado por
várias emissoras de comunicação;
Os Membros Juvenis envolvidos no projeto, juntamente com os Chefes, fizeram
a entrega do relatório referendado com as assinaturas dos moradores para a Câmara
de Vereadores de Campo Grande. O documento solicita da Administração Municipal
em regime de urgência melhorias, manutenção e conservação, interna e externa do
parque Sóter. Participaram do evento os Grupos Escoteiros Mário Dilson – 35º
MS; Pe Heitor Castoldi – 3º MS; Alcídio Pimentel; Cidade Morena – 30º MS e
Atalaia do Pantanal.
AGUAS
PERDIDAS
Quero
seguir mansamente entre a floresta
Mas
tenho medo, o meu futuro é tão incerto.
Vou
estreitando meu curso
Vou me transformando
num deserto
É só o
que me resta!
O descaso do homem frio
Acelera esse imenso vazio
Que engole tudo a minha volta
Só para mostrar à revolta
De não matar a sede das gaivotas!
Olho ao céu e lhe peço:
Oh! Gigante imponente de concreto
Devolva-me as aguas que sumiram
Com a chegada do progresso
A culpa é do homem com seus excessos!
(Freitas)
O
Parque Francisco Anselmo Gomes de Barros, mais conhecido como Parque Sóter,
leva esse nome numa homenagem a esse Ambientalista que em 2005 ateou fogo no
próprio corpo como protesto à expansão das usinas de álcool na bacia do alto
Paraguai. Idealizador da Fundação para Conservação da Natureza do Mato Grosso
do Sul, Francisco Anselmo morreu poucos dias depois em virtude dos ferimentos.
Foi inaugurado no fim de 2004, projetado como parque modelo, dispõe
de área verde com 22 hectares, quadras poliesportivas, pista de skate e
patinação, pista de caminhada, ciclismo e quiosque com churrasqueira. O lago do
Parque, formado pelo Córrego Sóter, não existe mais, devido ao assoreamento
causado pela erosão em uma extensa área bem no meio do Parque. Na construção do
parque faltou planejamento para que as águas fossem drenadas para um local
adequado, e mesmo que tenha passado por urbanização de fundo de vale, o solo do
entorno é bastante arenoso. Sofreu alterações no seu habitat natural, como
desaparecimento de várias espécies de animais e o assoreamento em virtude do
grande volume de águas pluviais coletada pelo sistema de tubulações que não
suportando, transbordam e acabam entrando pelo parque em virtude do declive do
asfalto na Rua Antonio Rahe, levando para o leito do córrego grande volumes de
terras em virtude da ausência da mata ciliar. Na Lei nº. 6938, de 31 de
agosto de 1981 que Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente é clara a
responsabilidade do poder publico em proteger o Parque Ecológico Sóter, no
entanto, contribuiu para sua degradação quando aterraram parte da voçoroca com
aterro impróprio cheios de plásticos, borrachas e metais que foram depositados
e compactados e que começam aparecer em virtude das chuvas que acabam levando
todo esse material para o leito do Sóter. Os gestores do município ao conceder
um projeto como os do Sóter não se atentaram para os critérios e planejamento,
obrigando as ações de emergências de recuperação que requerem investimentos em
Mão de obra especializada e maquinário. Animais silvestres são encontrados no
interior do parque com lesões, provocados por frequentadores que deveriam
proteger ao invés de submetê-los a crueldade. O efetivo da Guarda Municipal,
encarregada de fazer a segurança interna do parque, não é suficiente e em
vários pontos é possível encontrar as marcas deixadas por vândalos,
principalmente nos finais de semana quando o numero de visitantes é bem maior.
Percebemos
também que Campo Grande possui uma população bem maior do que há 10 anos. A execução
de grandes obras de urbanização com novos empreendimentos habitacionais tem
provocado à expansão da pavimentação asfáltica, contribuindo de forma acelerada
do assoreamento dos córregos, que na capital chega a 33. Os construtores das
torres para fugirem das compensações ambientais, como por exemplo, construírem
praças, acessos de forma a minimizar o transito, a utilização do entorno, o
lixo, o esgoto e a água que vai servir as dezenas de torres, usam as brechas da
lei para fugirem dessas responsabilidades e com o aval da administração
publica. O lado positivo são os empregos, tão grandes quanto os impactos
ambientais.
Considerando
que um dos princípios estabelecidos na Promessa Escoteira é o dever para com
Deus e o próximo no sentido de “participação no desenvolvimento da sociedade
com reconhecimento e respeito à dignidade do ser humano e ao equilíbrio do
meio-ambiente” (UEB, Escotistas em ação, 2010, p. 18) entendemos que a
problemática do Córrego Sóter deve ser aprofundada junto aos jovens no sentido
de identificação das causas do assoreamento, buscar melhorias para sua
recuperação. O Projeto Educativo da União dos Escoteiros do Brasil no item que
esclarece nossas convicções fundamentais orienta:
Estimulamos nos jovens o respeito pela
natureza e o compromisso com o meio ambiente. Privilegiamos a vida ao ar livre
como experiência educativa. Contribuímos para a formação de cidadãos
responsáveis que compreendem a dimensão política da vida em sociedade, que
desempenham um papel construtivo na comunidade e que tomam suas decisões
guiadas pelos princípios escoteiros. (Projeto Educativo UEB, p. 3).
Nesse sentido nossa ação tem que ser de
conscientização, principalmente quando lemos o texto abaixo que trata dos
princípios que nos guiam:
Pedimos aos jovens que incorporem a
valorização dos direitos humanos a seu modo de pensar e a suas atitudes.
Promovemos seu comprometimento com a democracia como forma de governo que
melhor permite a participação de todos e a igualdade de oportunidades mesmo
para as minorias. Nossa proposta é que reconheçam e exerçam o poder e a
autoridade sempre a serviço do bem comum. (Projeto Educativo UEB, p. 6)
No dia 22 de março de 1992, foi
divulgada a “Declaração Universal dos Direitos da Agua”.
Art. 1º A agua faz parte do patrimônio
do planeta, cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade,
cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos.
Ao término do
Projeto “SÓTER...EM BUSCA DA ÁGUA PERDIDA”, entregamos nas mãos do vereador
Chiquinho Teles, integrante da Comissão de Meio Ambiente na Câmara Municipal,
um relatório que sugere a implantação de um projeto
de recuperação da nascente do Córrego Sóter, contemplando:
- Recuperar a estrutura de captação e dissipação da drenagem do
escoamento superficial, originada a montante da nascente, com condução ao leito
natural, adequando às necessidades do local;
- Recuperar e implantar a mata ciliar nas margens do córrego
Sóter, borda e taludes da voçoroca;
- Implantar barragens de gabião para contenção de sedimentos e
detenção de águas pluviais, reduzindo os picos de escoamento e auxiliando na
minimização das inundações a jusante;
- Implantar dispositivos de prevenção do solapamento da base do
talude, utilizando estruturas de bioengenharia com materiais nativos e/ou
naturais;
- Desassorear o lago existente no local;
- Maior efetivo na segurança de parques onde houver nascentes;
- Telas de proteção nas mudas para evitar a destruição pelas
capivaras e outros animais.
- Ações como o reflorestamento da mata ciliar com espécies
nativas, despoluição de suas águas e a intervenção da engenharia na Rua Antônio
Rahe, podem ajudar a manter o córrego vivo.